A espécie Bradypus variegatus, também conhecida como preguiça-comum, faz parte do bioma alagoano. O animal tem seu dia celebrado neste sábado (21). Na última quarta-feira (18), foi solta a única da espécie que estava em tratamento no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), que é administrado em parceria entre o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA-AL) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Preguiças são comumente vítimas de choque elétrico e quando em cativeiro ficam fragilizadas.
As preguiças Bradypus variegatus se alimentam de brotos e são disseminadoras de algumas sementes. São intolerantes à lactose e dormem muito na natureza, de 15 a 18 horas por dia. Além disso, são presas fáceis para outros animais. Segundo Ana Cecília Pires, veterinária e bióloga do IMA no Cetas, o slogan do animal é: “Lugar de preguiça é dentro da floresta”. Ela destaca sobre a dificuldade de tratar a espécie devido ao seu comportamento fora da natureza.
“As preguiças são animais bastante sensíveis em cativeiro, então nós precisamos ter um cuidado e uma dedicação muito grandes com ela porque, caso contrário, ela vai morrer em poucos dias ou semanas”, explica.
Os casos mais comuns de preguiças que chegam ao Cetas, de acordo com a veterinária, são oriundos de choque elétrico. O animal tende a permanecer em locais de altitude, já que as copas de árvores são seu ambiente natural, e não costuma caminhar pelo chão. Com o desmatamento e as queimadas no seu habitat, é possível encontrar preguiças em fuga em áreas urbanas. Em algumas situações, elas seguram linhas de transmissão de eletricidade e recebem uma descarga elétrica grande.
Mesmo que o animal receba o tratamento adequado, tanto o choque quanto outros ferimentos graves são difíceis de reverter. “Geralmente, os animais chegam aqui com as unhas decepadas, com ferimentos de total necrose, e a gente não consegue reverter o quadro. Não conseguindo reverter, às vezes temos que amputar. Ela pode até ficar boa naquela amputação, mas não resiste, mesmo depois de cicatrizada. Isso é muito estressante para o animal, e ele se deprime, a imunidade baixa até que entra em óbito”, conta Ana Cecília.
Os filhotes costumam apresentar fraturas causadas em acidentes, como queda dos braços da mãe. Também é comum que filhotes cheguem ao Centro de Triagem devido à caça. Eles são vendidos ilegalmente e os compradores trazem o animal ao Cetas por não conseguirem lidar com a espécie, que têm um comportamento que não se adapta ao cativeiro.
As preguiças que passam pelo Cetas em boas condições, geralmente, levam pouco tempo para serem reintegradas na natureza. Quando isso acontece, a equipe define uma área que seja boa para elas, onde habitam outros bichos da espécie e exista alimentação adequada.
Uma iniciativa interessante desenvolvida por Ana Cecília Pires é a criação de um jaleco adaptado para preguiças. Ela conta que a ideia surgiu em uma época que muitos filhotes estavam chegando ao Centro de Triagem.
“Tive que inventar alguma coisa para elas ficarem bem, enquanto fazia o manejo delas. Para que eu não tivesse limitação de movimentar o braço, então peguei uma bata e adaptei. Coloquei uns bolsinhos para as perninhas e o rabinho das preguiças e elas ficarem comigo, seguras, sem correr o risco de cair da minha mão e eu poder ter uma maior liberdade com os membros”, contou.
É importante lembrar que as preguiças devem estar sempre na natureza. Em caso de qualquer animal silvestre fora do habitat, a denúncia pode ser feita anonimamente acionando o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) (82) 3315-4325.