o risco invisível que derruba nossos idosos

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o risco invisível que derruba nossos idosos
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Por trás de muitos acidentes domésticos que envolvem pessoas idosas está um vilão silencioso, presente em praticamente todos os lares brasileiros: o calçado inadequado. O uso de chinelos de dedo, sandálias frouxas ou sapatos desgastados representa um risco real e crescente de quedas, que podem ter consequências graves, como fraturas, hospitalizações prolongadas e perda da autonomia.

O perigo nos detalhes: quando o chinelo vira armadilha

A história de Dona Maria, 76 anos, é apenas um entre milhares de casos registrados diariamente no país. Ao levantar da poltrona usando um chinelo gasto e sem suporte, ela escorregou e sofreu uma fratura no fêmur. O acidente, que poderia parecer banal, resultou em meses de internação e reabilitação, com impacto profundo em sua qualidade de vida.

Essa situação é amplamente corroborada por estudos científicos. Uma pesquisa publicada na Revista Gaúcha de Enfermagem (SciELO, 2020) identificou que o uso de calçados inadequados é um dos fatores de risco mais comuns em quedas de idosos. O estudo ressalta que a estabilidade e a aderência do calçado ao solo são essenciais para prevenir esse tipo de acidente.

Por que o calçado errado aumenta o risco de queda

Os chinelos de dedo, apesar de populares por seu conforto e praticidade, não oferecem apoio adequado ao pé. A ausência de fixação no calcanhar obriga o usuário a fazer mais esforço para manter o calçado preso ao pé, prejudicando a marcha. Além disso, a falta de tração na sola facilita escorregões, especialmente em pisos lisos como cerâmica, mármore ou madeira.

Outro fator agravante é o desgaste natural dos calçados. Solados gastos perdem completamente a aderência, tornando-se escorregadios mesmo em superfícies secas. Em pessoas idosas, que frequentemente apresentam diminuição da força muscular, reflexos mais lentos e alterações no equilíbrio, qualquer pequeno deslize pode ser catastrófico.

Prevenção começa com a escolha do calçado

A escolha correta do calçado é uma das medidas mais eficazes para a prevenção de quedas. Veja algumas orientações fundamentais:

  • Prefira calçados fechados, que envolvam todo o pé, oferecendo mais estabilidade;

  • Solado antiderrapante é essencial para evitar escorregões em pisos lisos;

  • Ajuste firme ao pé, com tiras de velcro ou cadarços que evitem folgas;

  • Palmilhas macias e solas com boa absorção de impacto ajudam no conforto e na prevenção de lesões;

  • Evite calçados muito gastos, com sola lisa ou deformada;

  • Evite chinelos de dedo, tamancos, sandálias frouxas ou com salto.

O papel da família e cuidadores: vigilância ativa e carinho responsável

A responsabilidade pela segurança dos idosos não deve recair apenas sobre eles. Filhos, netos, cuidadores e demais pessoas do entorno precisam estar atentos aos sinais de risco — incluindo o estado dos calçados usados no dia a dia. Muitas vezes, o idoso não percebe o desgaste ou continua utilizando chinelos por costume ou conforto, sem avaliar os riscos.

Cabe à família:

  • Observar discretamente os calçados usados e substituí-los quando necessário;

  • Conversar com o idoso com empatia, explicando os riscos e sugerindo alternativas confortáveis e seguras;

  • Proporcionar acesso a calçados de qualidade, mesmo que simples, mas com segurança adequada;

  • Orientar cuidadores e profissionais de saúde que visitam o domicílio sobre essas questões.

Uma queda pode mudar tudo

As quedas em idosos não são apenas acidentes domésticos — são eventos com potencial de desencadear uma cadeia de consequências sérias, como cirurgias, perda da autonomia e até depressão. Um simples chinelo de dedo pode se transformar em um fator de risco invisível que interrompe uma rotina de vida ativa e autônoma.

Prevenir é mais do que cuidar: é um ato de amor, atenção e respeito à dignidade de quem já cuidou de nós. Um calçado adequado pode parecer um detalhe — até que ele faça toda a diferença.

Fonte: Gazeta Nordestina

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